Todas
as regiões do Brasil, com 14 estados representados, começam a receber
nesta sexta-feira a Série B do Campeonato Brasileiro de 2015. Com a
tradição do Botafogo, a paixão do torcedor do Nordeste e o tom local de
clubes interioranos, a competição se espicha até o final de novembro
para definir as quatro equipes que voltarão à elite na próxima temporada
– e também aquelas rebaixadas à terceira divisão.
Quatro
partidas abrem a disputa: ABC x Oeste (19h30), Atlético-GO x Boa Esporte
(19h30), Paraná x Ceará (21h) e Mogi Mirim x Criciúma (21h50). Outras
seis acontecem no sábado, incluindo a estreia do Botafogo, às 21h,
contra o Paysandu, em Belém.O
clube carioca entra no campeonato como candidato natural ao acesso. Mas
tem concorrentes fortes, com destaque para outro campeão brasileiro, o
Bahia, e também para o Ceará, vencedor da Copa do Nordeste justamente
sobre o clube baiano. Vale ficar de olho no Santa Cruz, campeão
pernambucano e dono de torcida muito presente, no Criciúma, com
jogadores experientes e muita força local, e no Vitória, sempre
tradicional. Por outro lado, equipes geralmente marcantes na competição,
casos de Paraná e Náutico, agora parecem mais propensas a frequentar a
zona inferior da tabela.
O
bloco de favoritos tem dois clubes rebaixados no ano passado – e que
também são os dois únicos da Segundona que já foram campeões da Série A:
Bahia e Botafogo. A eles, soma-se o Ceará, que vem deixando o acesso
escapar nos últimos anos, mas que tem elementos para ganhar confiança:
estrutura melhor do que a da maioria dos clubes, bom elenco (apesar da
perda de Magno Alves) e a confiança em alta pelo título nordestino.
BAHIA
O
Tricolor, com seu ataque KGB (Kieza, Gamalho e Bianccuchi), conquistou o
título estadual e chegou à decisão da Copa do Nordeste. Disputa pela
nona vez a Segundona – jamais a venceu. Por conta do ritmo puxado e do
calendário apertado do mês de abril, o técnico Sérgio Soares optou por
poupar titulares e deve dar a largada na competição (sábado, às 16h30,
contra o América-MG, fora de casa) com um time formado predominantemente
por crias da base. A intenção é preparar os jogadores principais para a
disputa simultânea do Brasileiro e da Copa do Brasil. No elenco atual,
quase não se vê o time rebaixado no ano passado. A nova gestão, que
assumiu o clube em dezembro, decidiu reformular o grupo. No total, 26
atletas foram liberados, e 14 da base foram promovidos.
BOTAFOGO
Enquanto
batalha para estancar sua precariedade econômica (tem dívida superior a
R$ 800 milhões, a maior do futebol brasileiro), o Botafogo lida com a
responsabilidade de ser o principal favorito ao título da Série B. O
elenco foi quase totalmente reformulado depois do fracasso de 2014. E os
resultados, sob o comando de Renê Simões, começaram a aparecer: campeão
da Taça Guanabara e
vice-campeão carioca, depois de eliminar o Fluminense nas semifinais e
cair para o Vasco na decisão. Destaque para o goleiro Jefferson, jogador
de Seleção, e para o volante Willian Arão, de bom desempenho na
temporada.
CEARÁO Ceará chega à Série B com a força do título da Copa do Nordeste
(veja no vídeo abaixo).
O Vovô está há dois anos batendo na trave para conseguir o acesso, após
a queda em 2011. Reforços seriam bem-vindos no Vovô, que estreia sem
sua peça fundamental dos últimos três anos, Magno Alves, contratado pelo
Fluminense. Além dele, saiu o lateral-direito Samuel Xavier (para o
Sport). Outro ponto importante é que o time dividirá as atenções com a
Copa do Brasil (enfrenta o América-MG na segunda fase). Sem Magnata,
Ricardinho assume o papel de líder e destaque do Alvinegro.
Há
os clubes que não entram na competição necessariamente como favoritos,
mas que têm condições de brigar com força pelas primeiras posições – e
pelo acesso à Série A, consequentemente. Não se pode desdenhar a
tradição do Vitória, a recuperação do Santa Cruz e a força,
especialmente como mandante, do Criciúma.
CRICIÚMAO
Tigre sabe jogar a Série B – tanto que já a conquistou duas vezes. O
estádio Heriberto Hülse, geralmente com bom e barulhento público, é uma
arma que costuma funcionar na competição. O elenco, longe de ser
brilhante, tem nomes de experiência, casos do zagueiro Fábio Ferreira e
do meia Cleber Santana – que podem ser muito importantes ao longo da
disputa. O desafio é melhorar o desempenho apresentado no Campeonato
Catarinense: quarto colocado na primeira fase e depois lanterna no
hexagonal decisivo, com desempenho particularmente ruim nos duelos
contra os times que estão na Série A – Figueirense, Joinville e
Chapecoense.
SANTA CRUZCampeão pernambucano
(lembre no vídeo abaixo),
o Santa Cruz entra na competição apostando na força do conjunto.
Comandando um elenco sem estrelas, o técnico Ricardinho promete um time
ofensivo para que o Tricolor possa voltar à Série A - competição que não
disputa desde 2006. Para isso, o treinador reformulou quase todo o
grupo em relação ao da temporada passada. Ao todo, 17 foram contratados,
e o mesmo número deixou o Arruda. Na estreia (às 16h30 deste sábado,
contra o Macaé, fora de casa), o comandante coral não poderá contar com
três titulares. Entre eles, o zagueiro Alemão e o lateral-esquerdo Tiago
Costa, considerados peças fundamentais.
VITÓRIAO
Vitória, que disputa sua oitava edição da Série B, teve um primeiro
semestre sofrido, marcado por eliminações e instabilidade interna. A
equipe, hoje comandada por Claudinei Oliveira, iniciou a temporada
treinada por Ricardo Drubscky, demitido, e presidida por Carlos Falcão,
que renunciou ao cargo depois de ver o time deixar o Baianão. Jogadores
foram afastados para contenção da crise que se instalou após a saída do
Nordestão, e o elenco começou a ser reformulado. Do grupo de 2014,
poucos titulares foram mantidos, e alguns deles deixaram o clube no meio
deste semestre, como o zagueiro Kadu e o lateral-direito Nino Paraíba.
Peça importante, Escudero foi mantido, mas não tem rendido o que se
espera. Outra fonte de esperança que ainda não vingou é o meia Jorge
Wagner, anunciado como grande contratação da temporada.
Um
grupo do clubes precisará provar que entra na competição para não ser
apenas coadjuvante. São equipes que, inicialmente, não carregam grande
promessa de luta por vaga na Série A – mas que podem evoluir ao longo da
disputa e chegar lá. É possível esperar isso, por exemplo, do
América-MG, de ótima campanha no ano passado, mas bastante renovado
agora.
ABCO ABC estava invicto na temporada
2015 até a derrota para o arquirrival América-RN na final do Campeonato
Potiguar. Recuperado do baque, o Alvinegro quer acabar com um jejum de
quatro anos e vencer na estreia do Brasileirão, o que não acontece desde
que voltou à Série B, em 2011. O técnico é Josué Teixeira, atual
campeão da Série C com o Macaé, e a meta do clube é conquistar o acesso
para a elite do futebol nacional no ano do centenário. As principais
peças do Mais Querido são o goleiro Saulo, ex-Sport, o zagueiro Leandro
Amaro, ex-Palmeiras, e o atacante Kayke, ex-Flamengo.
AMÉRICA-MGWillie,
ex-atacante de clubes como Vitória e Vasco, é a principal contratação
do América-MG para tentar repetir o bom desempenho do ano passado,
quando brigou por vaga na Série A até a última rodada – terminou na
quinta colocação. Mas as perspectivas não são das maiores. O elenco
passou por forte reformulação, e a aposta é um jogadores jovens,
mesclados a figuras mais conhecidas – casos do volante Leandro Guerreiro
e do meia Mancini. No Campeonato Mineiro, o Coelho não passou da
primeira fase. Ficou em quinto na fase de classificação –
desclassificado pelo Tombense no número de vitórias. A boa notícia foi a
defesa, que sofreu só sete gols em 11 partidas e ajudou a equipe a ter
apenas uma derrota na competição.
ATLÉTICO-GORebaixado
em 2012, o Atlético-GO disputa a Série B pela 13ª vez. O objetivo do
clube é repetir a façanha de 2009, quando terminou a Segundona em quarto
lugar e conquistou o acesso. Mas não será fácil. Em crise financeira, o
Dragão aposta novamente num elenco modesto e pouco modificado com
relação ao Campeonato Goiano, quando foi eliminado ainda na primeira
fase. O grande trunfo da equipe rubro-negra é o goleiro Márcio, titular
pela nona temporada consecutiva. No ano passado, o Atlético-GO cresceu
na reta final e, por pouco, não conquistou o acesso. O time goiano
perdeu a vaga na Série A com derrota na última rodada para o Santa Cruz,
em casa. Fora de campo, o clube lida com a acusação de assassinato que
recai sobre seu presidente, Maurício Sampaio, suspeito de ordenar a
execução de um jornalista em Goiânia.
BRAGANTINOÉ
o clube da Série B que mais modificações teve às vésperas da competição
– por isso mesmo, é também uma incógnita. Uma parceria feita com o
Corinthians fez com que o técnico Osmar Loss, que era dos juniores do
Timão, e sete jogadores rumassem para Bragança Paulista. No total, foram
15 reforços e apenas 11 atletas mantidos do Campeonato Paulista, no
qual o clube teve campanha pífia: apenas duas vitórias em 15 jogos, com
15,6% de aproveitamento, lanterna do Grupo 4 e rebaixado à segunda
divisão estadual. O goleiro Lauro, titular do Inter no título da
Sul-Americana de 2008, e o atacante Diego Maurício, ex-Flamengo, são
nomes conhecidos do elenco.
MACAÉO Macaé é o único dos 20 participantes da Série
B a disputar a competição pela primeira vez. A falta de experiência
tende a ser o maior desafio. O clube debuta na competição respaldado
pela conquista da Série C do ano passado. No primeiro semestre, teve bom
desempenho no Campeonato Carioca, com a sexta colocação. Venceu o
Fluminense e empatou com o Flamengo. A base do elenco do estadual foi
mantida para a Série B e teve o reforço de oito atletas: o goleiro Bruno
Miranda, o lateral-direito Henrique, o zagueiro Thiago Cardoso, o
lateral-esquerdo Fernando, o meio-campo Vitinho e os atacantes Anselmo,
Caíque e Giovanni. O goleiro Ricardo Berna, ex-Fluminense, é o nome mais
conhecido do grupo.
MOGI MIRIMPresidido
por Rivaldo, pentacampeão mundial em 2002, o Mogi Mirim disputa a Série B
de 2015 por ter ficado na terceira colocação da terceira divisão no ano
passado. O técnico da equipe é o ex-goleiro Edinho, filho de Pelé,
anunciado em abril
(confira no vídeo abaixo). No
Campeonato Paulista, o clube teve campanha mediana, com a terceira
colocação do Grupo 1 – quase conseguiu classificação. A base do elenco
foi mantida para a Série B. Nela, estão três atletas campeões com o
Joinville em 2014: o lateral-direito Edson Ratinho e os volantes Franco e
Hygor. Rivaldinho, filho de Rivaldo, também integra o grupo. É reserva.
PARANÁO Paraná começa a Série B tentando deixar para trás o
início de ano bastante conturbado, que teve a renúncia do então
presidente, Rubens Bohlen, as eternas crises financeiras e o fracasso na
Copa do Brasil – desclassificado na primeira fase – e no Paranaense,
em que caiu nas quartas de final. A reformulação começou com a contratação
do técnico Nedo Xavier e seis novos jogadores que devem estrear contra o
Ceará, nesta sexta-feira, na Vila Capanema. O desfalque
para a estreia fica com o veto do capitão, Lucio Flavio, que trata de
uma pequena lesão muscular.
PAYSANDUO
Paysandu volta à Segundona brasileira depois de ser vice-campeão da
Série C no ano passado. A torcida está empolgada e promete grande festa
na estreia do clube, neste sábado, contra o Botafogo
(saiba mais sobre o time no vídeo abaixo).
O objetivo é fazer campanha bem melhor do que a do Campeonato Paraense –
sequer conseguiu classificação no primeiro turno e foi derrotado na
final do segundo turno, ficando fora da decisão. Na Copa Verde, caiu
para seu maior rival, o Remo, nos pênaltis. O elenco tem jogadores
bastante experientes, caso dos volantes Augusto Recife e Fahel.
SAMPAIO CORRÊAAinda
juntando os cacos da perda do Campeonato Maranhense, o Sampaio Corrêa
abre a Série B sem treinador. Depois de perder a final do Estadual para o
Imperatriz, o então técnico do Tricolor, Oliveira Canindé, pediu
demissão. Arlindo Maracanã, volante do time, assumiu a função
interinamente. Com a iminente chegada do novo treinador, é aguardada
também uma lista de dispensa. Em contramão, sete atletas foram
contratados para a competição: o goleiro Renan Rocha, o lateral Bruno
Soares, o volante Moisés, os meias Danilo Rios, Fábio Lopes e Alex
Maranhão e o atacante Jheimy. Da equipe que jogou a Série B em 2014,
toda linha defensiva foi mantida. Pimetinha, xodó da torcida, também
continua no elenco. O artilheiro da temporada do time é Robert, que já
marcou 15 gols.
Para
a turma aí embaixo, a meta, pelo menos teoricamente, é escapar do
rebaixamento. Mas calma, calma: o campeonato é longo, e muita coisa pode
acontecer. O jeito é confiar na evolução, mesmo que o cenário não seja
dos mais animadores. É preocupante a situação do Náutico, acostumado a
brigar no topo da tabela, mas que agora parece ter vida mais complicada.
BOA ESPORTENão são animadoras as
perspectivas do Boa Esporte na Série B do Brasileiro. O clube foi muito
mal no Campeonato Mineiro: 11 pontos em 11 jogos, com risco de
rebaixamento até a última rodada. E repetiu a dose na Copa do Brasil:
eliminado já na primeira fase pelo Moto Club. A base do elenco foi
mantida para a Segundona, mas o clube se viu obrigado a buscar reforços.
O goleiro Andrey, formado no Grêmio, que estava no Paysandu, é uma das
novidades da equipe de Varginha. No ano passado, foi muito boa a
campanha do clube na Série B. Terminou na sexta posição, a três pontos
do acesso à primeira divisão.
CRBO Galo
conquistou o acesso no ano passado e trabalha para não correr riscos de
rebaixamento. Tem caixa. A diretoria contratou nove reforços (destaque
para o veterano volante Somália) e espera que a dupla de medalhões
formada pelo meia Morais (ex-Vasco) e o centroavante Zé Carlos
(ex-Cruzeiro) engrene na Série B. Eles sofrem com problemas físicos.
Prometem, no entanto, uma boa sequência na Série B e estão à disposição
do técnico Alexandre Barroso para a estreia deste sábado, às 21h, contra
o Bragantino, em Maceió. Para este jogo, a base campeã alagoana na
quarta vai prevalecer. Os reforços serão encaixados aos poucos.
LUVERDENSEReformulado
no início do ano e novamente às vésperas da Série B – dez reforços
foram contratados -, o Luverdense inicia a competição sob a desconfiança
do torcedor. Eliminado na semifinal do Campeonato Mato-Grossense e da
Copa Verde, o Verdão do Norte vai para a segunda disputa da Série B com o
foco em não ser rebaixado. Em 2014, chegou a ser vice-líder do torneio,
perdendo força e brigando contra o rebaixamento no fim. Do elenco do
ano passado, apenas o volante Júlio Terceiro permaneceu. Do grupo atual,
o jogador mais conhecido é o meia Deyvid Saconni, ex-Palmeiras. O time
também está na disputa da Copa do Brasil – enfrenta o Bahia na segunda
fase.
NÁUTICOO Timbu vive um ano de
reiterados fracassos. Foi lanterna do Hexagonal do Título do Campeonato
Pernambucano e não avançou às semifinais. Na Copa do Nordeste, caiu na
primeira fase. Buscando se reestruturar para salvar o ano com o acesso à
Série A, o time passa por uma reformulação, e a diretoria contratou
sete atletas para o início da Série B. Alguns bem conhecidos, como o
volante Willian Magrão, que jogou no Grêmio e no Cruzeiro, e o zagueiro
Fabiano Eller, campeão mundial pelo Inter. Será a 19ª Série B do Náutico
- que não venceu nenhuma.
OESTEÉ
a terceira participação seguida do Oeste na Série B – as únicas em sua
história. Costuma lutar para não cair, e não deve ser diferente agora.
Terceiro colocado na Série A2 do Paulista (suficiente para conseguir o
acesso), o clube não tem nomes de impacto em seu elenco e terá que
mandar os jogos em um estádio parcialmente interditado – o que tende a
atrapalhar a eventual pressão da torcida sobre os adversários. Seu
trunfo pode ser a manutenção da comissão técnica (comandada pelo técnico
Roberto Cavalo) e de boa parte do elenco promovido à elite paulista.
Entre os reforços, destaque para Branquinho, ex-Bahia.