Amor e Paixão

Unknown | 11:39 | 0 comentários


A paixão pode durar a vida toda

Você já deve ter ouvido falar que a duração da paixão varia entre alguns meses até 2 ou 3 anos. Mas de onde vem isso? A psiquiatra italiana Donatella Marazziti, da Universidade de Pisa, mostrou que diversas substâncias cerebrais são liberadas quando estamos apaixonados. Segundo o estudo, enquanto, no início da relação é abundante um elemento químico chamado neurotrofina, que provoca o desejo, com o passar do tempo a quantidade dessa substância diminui, e ela é substituída por um hormônio denominado oxitocina, que consolida os sentimentos mais duráveis de amor e de compromisso. Enzo Emanuele, da Universidade de Pavia, na Itália,mediu o nível dos hormônios relacionados à paixão no sangue de 39 casais juntos há dois anos e chegou à conclusão semelhante. A professora Cindy Hazan, da Universidade Cornell de Nova York, entrevistou e testou5.000 pessoas de 37 culturas diferentes e descobriu que o amor possui um “tempo de vida” longo o suficiente para que o casal se conheça, copule e produza uma criança. Este “tempo de vida” seria algo entre 18 e 30 meses.
Num outro estudo da psiquiatra Donatella, se observou algo interessante. Em casais apaixonados, enquanto os níveis de testosterona no homem (responsáveis pela agressividade, competitividade e desejo sexual) diminuem, o nível das mulheres cresce. É como se houvesse certo equilíbrio tornando o casal ainda mais igual para evitar conflitos. Há ainda a questão da compatibilidade com parceiros com genética mais diferente da nossa. Estudos sugerem que os genes MHC (sigla inglesa para “complexo principal de histocompatibilidade”) influenciam o odor e a saliva. Isso explicaria por que os parceiros mais “compatíveis” conosco (ou seja, aqueles com genes MHC mais díspares) teriam um beijo bom e um cheiro irresistível, enquanto entre aqueles com perfil genético parecido “a química não rola”.
Com base em pesquisas da Dra. Helen Fisher, antropologista da Universidade Rutgers e autora do livro The Anatomy of Love, pode-se fazer um quadro com as várias manifestações e fases do amor e suas relações com diferentes substâncias químicas no corpo. Veja abaixo:

Manifestação
Conceito
Substância mais associada
Luxúria
Desejo ardente por sexo
Testosterona
Atração
Amor no estágio de euforia, envolvimento emocional e romance
Altos níveis de Dopamina e norepinefrina 
Baixos níveis de serotonina
Ligação
Atração que evolui para uma relação calma, duradoura e segura
Ocitocina e vasopressina
Mas espere. Vejamos este depoimento. Lisa Baber, 40, e seu marido, David, 46, de Bristol, dizem que ainda sentem o mesmo frisson de quando ficaram juntos pela primeira vez, há 17 anos. "Ele era louco e muito excitante, tirava meus pés do chão", diz. "Essa excitação está bem viva. Nós nos certificamos de que nossas vidas estejam sempre mudando."
Pois é! Um estudo recentemente realizado nos Estados Unidos indica que alguns casais conseguem se manter apaixonados mesmo depois décadas de união. Com a ajuda de exames de tomografia, cientistas da Universidade de Stony Brooks, em Nova York, analisaram a atividade cerebral de casais que estão juntos há mais de 20 anos. Eles descobriram que 10% deles, ao verem fotos de seus parceiros, mostraram as mesmas reações químicas que casais em início de romance.
"Nossos resultados vão contra essa visão tradicional [que a paixão dura pouco tempo], mas temos certeza de que o que conseguimos observar é real", disse o psicólogo Arthur Aron, um dos autores do estudo.Segundo os pesquisadores, quando os casais de longa data viam fotos de seus parceiros, seus cérebros indicavam um fluxo maior de dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer.
Para os cientistas, a descoberta indica que alguns elementos da paixão amadurecem, permitindo que casais de longa data desfrutem do que chamam de "companheirismo intenso e vivacidade sexual". Os pesquisadores disseram que esses casais têm o mesmo "mapa amoroso" cerebral que animais que mantêm os mesmos parceiros por toda a vida, como os cisnes, os arganazes e as raposas cinzentas.  Finalmente, o psicólogo Arthur Aron diz: “Nós ainda não temos certeza quanto aos fatores que fazem a paixão durar tanto tempo em alguns casais. Mas há suspeitas de que esses motivos sejam mais uma questão de “quem” em vez de “o quê”. Pois é. Embora haja um senso comum, cientificamente embasado, para afirmar que a paixão não costuma durar muito, você já sabe que ela pode durar sim. Cabe a cada um de nós descobrirmos o melhor jeito de fazer nosso cérebro entender isso e desfrutarmos o melhor da vida. Afinal, é muito bom estar apaixonado(a), não acha?

O amor é genético


Durante muito tempo, na noite de 12 de junho, jovens adormeciam com a chave de casa debaixo do travesseiro. A esperança era de que sonhassem com o pretendente. Os anos passaram, os caminhos para encontrar o amor se modificaram, mas alcançar esse objetivo ainda é o desejo de muitas pessoas. Embora a busca seja árdua, a ciência descobriu que os genes podem ajudar na procura pela alma gêmea. O termo, aliás, remonta à mitologia grega. O fundamento para a atração entre os casais seria o fato de que, no princípio, havia três sexos: o masculino, o feminino e o andrógino,representado por seres duplos, cuja força e inteligência eram notáveis. Julgando-se perfeitos, ameaçavam os deuses. Para ensinar-lhes a humildade, Zeus decidiu dividi-los. Daí em diante, as metades separadas foram condenadas a vagar em busca da outra parte.
MANUTENÇÃO DA ESPÉCIE
Mesmo que a história nos remeta à procura da parte que nos completa, Claus Wedekind, professor de Biologia da Universidade de Lausanne, na Suíça, explica que os critérios para a determinação do parceiro ideal estão no âmbito da Psicologia da Evolução Humana. No passado, acreditava-se que a escolha refletia apenas a necessidade da manutenção da espécie, mas, com o passar do tempo, "a questão se revelou mais complexa, pois o encontro de um homem e uma mulher foi interpretado como consequência da agressividade masculina, comportamento também ligado à garantia da reprodução", diz Wedekind.
Segundo o biólogo, uma outra teoria evidencia os cuidados com o bebê. Os seres humanos precisam de mais tempo para zelar pela prole: "Promover a sobrevivência da linha descendente, a longo prazo, parece não corresponder à ideia de que o homem tivesse que se concentrar na alta reprodução, num curto período de tempo".
Além dessas hipóteses, pouco se sabe sobre as reais motivações psicológicas que levam à decisão de formar um casal. Wedekind sugere que talvez o estudo do papel dos sentidos nesse processo tenha sido negligenciado, especialmente porque a comunicação do homem moderno parece fundamentar- se na acústica, na visão e no tato. "O consenso é de que os humanos não possuem um órgão vômeronasal (presente em alguns mamíferos e que identifica substâncias químicas não voláteis). Porém as pessoas gastam pequenas fortunas com perfumes. Isso significa que estamos interessados em usar e enviar sinais químicos no contexto social", explica o biólogo.
QUESTÃO DE CHEIRO
Essas considerações correspondem à descoberta feita por Claus Wedekind em 1995. Naquele ano, o cientista concluiu que as preferências das mulheres pelos odores masculinos estavam relacionadas aos graus de semelhança existentes nos genes MHC (sigla para maior complexo de histocompatibilidade), importantes para o controle imunológico e responsáveis pela conexão entre odores e preferências por parceiros. Em sua pesquisa, o cientista utilizou camisetas vestidas por homens, cujo odor deveria ser julgado por mulheres. Quanto mais agradável o cheiro fosse considerado, maior diferença existia entre o genótipo MHC do homem e da mulher.
Wedekind acrescenta que os odores são muito importantes para a vida sexual de roedores e também de primatas. Entre os homens isso não difere. Um exemplo disso seria o cheiro almiscarado das axilas humanas, que possui em sua composição o androstenol (um tipo de feromônio), além de outros esteroides: "Alguns desses componentes são um potente feromônio na biologia sexual de outros animais e esse parece ser um dos principais odores sexuais dos humanos".
"Todas as hipóteses apontam para o fato de que a escolha de um parceiro se dá por causa de determinadas combinações de MHC, pois elas conferem grande vantagem na resistência a doenças. Pode ser também que seja uma forma de evitar que parasitas escapem do controle imunitário, ou até mesmo que se trate de um sofisticado mecanismo para evitar a procriação consanguínea", conclui o especialista.
NAMORO OU AMIZADE?
Se o corpo humano conta com a genética para a escolha do par ideal, exames laboratoriais poderiam indicar níveis de compatibilidade bem precisos. Encontrar um amor por meio de um exame? A ideia parece assunto de filme de ficção científica, mas já é um serviço oferecido pela empresa suíça GenePartner.
Tamara Brown, especialista em genética molecular e neurobióloga, afirma que potencializar os resultados da busca da pessoa certa não substituiu o frio na barriga que acontece quando nos sentimos atraídos por alguém. O exame tem custo acessível e é bastante simples. Os interessados recebem um kit em sua residência com instruções e material para coleta de saliva.
O teste fica pronto em 15 dias e os resultados são enviados pelo laboratório para a interface do servidor da GenePartner que processa a informação por meio de algoritmos capazes de individuar a compatibilidade entre uma e outra pessoa. No entanto, a análise considera apenas "o HLA (Antígeno Leucocitário Humano, o mesmo que MHC) do cromossomo 6 (corresponde a 6% do DNA), e nenhuma outra sequência do genoma humano", explica Tamara.
A química da paixão 

DESEJO: Desencadeado pelos hormônios sexuais (testosterona e estrógeno).
ATRAÇÃOperda do apetite, do sono e da concentração, mãos suadas, respiração falha e a sensação de frio na barriga, todos esses sintomas estão ligados a um conjunto de compostos químicos que afetam o cérebro: a norepinefrina excita e, por isso, o coração bate mais forte; a serotonina descontrola e a dopamina faz a pessoa entender o que é a felicidade. Essas reações químicas são guiadas por neurotransmissores e gerenciadas pela feniletilamina, cuja função é controlar a passagem do desejo para a fase do amor.
LIGAÇÃO: fase do amor equilibrado que criou laços entre os parceiros. Os hormônios envolvidos são a oxitocina, relacionada à indução do trabalho de parto (corpo), às emoções e comportamentos sociais (cérebro) e ao orgasmo; e a vasopressina age na pressão sanguínea e que, em roedores, revelou ser importante para o comportamento monogâmico dos machos.
FONTE: HELEN E. FISHER; LUST, ATTRACTION AND ATTACHMENT IN MAM

Categoria:

0 comentários

Marcadores